segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Poema de Quinta

Bastaria a mim escrever algo que realmente fosse útil. Bastaria a mim escrever com pureza, com clareza. Bastaria a mim ter minhas palavras compreendidas, não necessariamente aceitas ou aplaudidas. Bastaria a mim ser escritora de alma, de corpo, de entendimento. Bastaria a mim escrever plenamente. Bastaria a mim escrever simplesmente, sem retóricas. Bastaria a mim, na verdade, não apenas escrever, como quem lança mão de caneta e papel, mas como quem, de tão intimamente ligado à sua literatura, passa a ser a própria escrita, entrando no êxtase da palavra. Bastaria a mim escrever sobre um momento, aquele momento entre um piscar e outro, e outro.
Bastaria a mim apenas um poema.

Não mais...



Isso não importa mais
Isso pra mim tanto faz
A culpa é sua ♪♫





segunda-feira, 20 de setembro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Náufrago

[13/09/2010]

Tudo que eu queria... renascer das cinzas. ♪♫ (Jorge Vercillo)

Hoje é um dia estranho. Desses em que não me encontro em lugar nenhum, em que pareço não pertencer a nada, se é que pertenso.
Então amargo mais uma hora deste dia infeliz. Mais uma hora que se vai... sinto-me só, mas na verdade não sei dizer se uma companhia me faria bem agora.
A única coisa boa é que hoje é um dia nublado. Gosto de dia nublado, dá a impressão de que a vida é mais branda. Mas quem disse que as relações humanas são agradáveis ou brandas?
Ouço algumas músicas que parecem que parecem aumentar a lacuna que se formou no meu peito. Será que elas sempre me causaram isto ou é algo surgido no instante? Uma delas diz que a onda que acerta a pessoa sentada nas pedras da praia leva tudo embora, e então penso se me seria conveniente fazer o mesmo e vejo que não tenho certeza se esta seria a melhor válvula de escape, ou se realmente uma válvula de escape resolveria alguma coisa agora.
O que eu desejava mesmo era poder me abrir e arrancar de dentro o que me causa esse sofrimento.
Olho algumas fotos tiradas recentemente e não gosto do que vejo. Será que todos me veem desse mesmo ângulo?
Certa vez perguntei a uma amiga sobre algo que não a agradava e ela me disse que não gostavade ter que ter sempre uma resposta para tudo. Às vezes fico refletindo se daqui a quem sabe uns três anos esses mesmos fatos terão efeito sobre mim.
Acho que me falta coragem. Coragem de tomar as rédeas, coragem de fazer algo que me deixe verdadeiramente satisfeita, coragem de mudar.
E isso cansa.
É, acho que estou cansada.
Falei anteriormente sobre instante. O instante presente pode ser que nem dure muito tempo, mas absorve-me a vida inteira.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Desarmada, caminho.
Sem pretensões, sem anseios ou súplicas, caminho.
Dentro de mim, apenas a mágoa. Mágoa sentida. Mágoa pranteada. Mágoa indolor. Mas sempre mágoa.
Despida do mundo, vestida de mim.
Embebida na lividez que congela os semivivos, absorvo-me na contemplação. Passam pessoas, casas, bares, carros, árvores, flores, areia, chão, mas nada que me faça querer ficar. Ficar não sei onde, talvez em mim mesma, talvez em lugar nenhum.
Palpita novamente a mágoa.
Será essa a desolação que permeia os pensamentos dos desesperados?
De repente, sinto-me vazia.
Nem mais a mágoa, antiga companheira, está comigo.
Será essa a sensação do esquecimento, do perdão ou simplesmente o vazio da perda?
Estranho isso de não ter resposta, se todas as respostas que preciso estão em mim.
Sigo no caminho que nunca chega ao final.
O que há dentro agora?
Indizível.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os eus do Eu

Sempre afirmei categoricamente que existem vários 'eus' no meu Eu. Muito além do "demônio que ruge" e do "Deus que chora" de Bilac, há em mim um ser que carrega dentro de si tantas diferentes personalidades que às vezes nem eu mesma me entendo.
E essa eu sangra.
Mas a parte que faz doer, que faz sangrar, é o poeta que mora em meu interior.

Para vocês, um poema de Leminski:

Carrego o peso da lua
Três paixões mal curadas,
Um saara de páginas,
Essa infinita madrugada.
Viver de noite
me fez senhor do fogo
A vocês eu deixo o sono.
O sonho, não.
Esse, eu mesmo carrego.